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Estudo da ABCD demonstra que fintechs preenchem lacunas

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Claudia Amira, Diretora Executiva da ABCD – Associação Brasileira de Crédito Digital*

 

De um ano para o outro, de 2017 para 2018, as solicitações de crédito feitas por pessoas físicas às fintechs dobraram. No ano passado, foram 6,4 milhões de pedidos. Já, para as pessoas jurídicas, o avanço foi de quase sete vezes, o que resultou em mais de 276 mil solicitações. Em termos de crédito concedido, entre os anos de 2016 e 2018, o crescimento foi superior a sete vezes – ultrapassando a casa do bilhão de reais.

Os números demonstram a forte expansão das fintechs de crédito no mercado brasileiro. Essas empresas, que usam a tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos e serviços financeiros, foram mapeadas em estudo inédito realizado pela ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital) em parceria com a PwC Brasil. Participaram 43 fintechs de crédito – 21 delas associadas à ABCD – entre 10 de junho e 4 de julho deste ano.

O que ficou claro na pesquisa é que as fintechs que concedem crédito apenas estão no começo da sua trajetória. Isso porque 79% das participantes do estudo têm menos de cinco anos de vida. Nesse pouco tempo, já foram capazes de começar a preencher lacunas históricas no mercado financeiro. As classes C, D e E, por exemplo, sempre enfrentaram dificuldades para acessar produtos e serviços financeiros. Afinal de contas, as taxas praticadas – não apenas as de juros como as de serviços como a manutenção da conta – não favoreciam essa inclusão.

Nos últimos anos, aliás, cresceu o peso das tarifas bancárias sobre o orçamento das famílias. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no começo de outubro, a fatia da renda dos brasileiros destinada aos bancos cresceu 150% no período de quase uma década – entre 2009 e 2018.

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A ascensão das fintechs de crédito possibilita que esses brasileiros acessem o sistema financeiro, já que 79% dos clientes dessas empresas vêm das classes C, D e E. Outra lacuna diz respeito aos pequenos e médios empresários, que também sofrem para participar do mercado. A cada dez pessoas jurídicas atendidas pelas fintechs ouvidas, sete são empresários individuais, micro e pequenas empresas.

A atuação das fintechs de crédito está fazendo com que o mercado reveja seu posicionamento em relação aos públicos citados. Destaque também para os desbancarizados, que passaram a ser enxergados. São milhões de brasileiros que não têm conta em banco, mas com enorme potencial de consumo. Como era de se esperar, ainda que estejam fora do sistema financeiro, essas pessoas consomem e gastam centenas de bilhões de reais por ano. Do total de clientes das fintechs participantes, 7% não têm acesso ao sistema bancário, o que mostra que, também para as fintechs, há espaço para evoluir nesse universo.

A tecnologia exerce papel de protagonista na eliminação das barreiras que dificultam a entrada do público historicamente excluído. A agilidade na avaliação e na aprovação do crédito só é possível por causa dos recursos tecnológicos. Data analytics, cloud e mobile são tecnologias utilizadas – na realidade, muito mais do que isso, já que fazem parte do DNA das fintechs. O emprego conjunto dessas soluções permite uma análise de crédito ágil. Esse processo dura apenas 15 segundos ou até menos para 15% das fintechs de crédito participantes do estudo. Já 48% concluem essa avaliação em até uma hora.

Quanto aos juros, no ano passado, a taxa mensal nas diferentes modalidades de empréstimo começava em 1,09% para as pessoas físicas e em 1,3% para as jurídicas. O prazo de quitação, em metade dos casos informados, foi menor do que 180 meses para as pessoas físicas. Para as jurídicas, ficou abaixo de 90 meses em 63% das situações.

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A tendência é que as fintechs de crédito continuem crescendo. E a uma velocidade cada vez maior. A tecnologia e a inovação deram início a uma nova era do crédito, que se caracteriza por ser mais inclusiva, acessível e descomplicada.

O que achou do texto? Qual sua experiência com as fintechs de crédito? Escreva no espaço de comentários! Não deixe também de acessar o LinkedIn da ABCD para conferir outros conteúdos.

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